28 Março 2022
Paz e justiça climática. A "geração Greta" volta às ruas. Três anos após a primeira manifestação "global", ativistas italianos e de todo o mundo continuam o protesto em defesa da Terra: e desta vez não apenas pelo clima, mas também e sobretudo pela Ucrânia. Porque "a guerra está ligada à crise climática". "Não haverá paz sustentável, em lugar nenhum, enquanto nossos sistemas estiverem ligados aos combustíveis fósseis fornecidos por autocratas e ditadores", dizem os jovens ativistas ambientais que lideraram as 78 marchas organizadas em diferentes cidades italianas no dia 25 de março. E muitos outros ao redor do mundo. Além de relançar o alerta sobre o aquecimento global do planeta, conforme documentado pelo último relatório do IPCC, agora mais do que nunca apontam o dedo para os combustíveis fósseis, no centro das duas grandes emergências: a climática, justamente, mas também aquela militar que diz respeito à invasão da Ucrânia.
A reportagem é de Daniela Fassini, publicada por Avvenire, 26-03-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Bandeiras, slogans e faixas de Alessandria a Catânia, passando por Milão, Roma e Nápoles. Na capital lombarda, em particular, foram gritados slogans contra o Município de Milão e a Confindustria, contra o primeiro-ministro Mario Draghi e o ministro da Transição Ecológica, Roberto Cingolani. “Mais uma vez somos dezenas de milhares a ocupar as ruas de Itália. Os inimigos da transição ecológica tentaram empurrar a crise climática para segundo plano, explorando a guerra na Ucrânia. Mas as pessoas entenderam que é um engano, essas duas crises têm a mesma causa e a mesma solução: acabar com a nossa dependência tóxica dos combustíveis fósseis e fazer com que paguem os custos dessa transição aqueles que nos levaram a essa situação, as grandes empresas poluidoras”, declara Filippo Sotgiu, um dos porta-vozes nacionais do Fridays For Future.
Os jovens manifestantes exigem "tratados de paz e desarmamento imediatos". “Essa guerra por recursos deve ser interrompida imediatamente – diz Marina, 22, estudante milanesa. A crise energética e a guerra por recursos são o resultado deste sistema podre que coloca o lucro antes da vida das pessoas”. Os participantes da manifestação em Milão desfilaram com uma longa faixa, "Pessoas, não lucros" e "Construa escolas, não guerra". Milhares de jovens também saíram às ruas em Roma. A manifestação, lançada por vários movimentos como Fridays for Future e WWF Young, desfilou pelas ruas da cidade.
“Agora está ficando claro para todos nós que a energia fóssil é a raiz das piores crises da humanidade, daquela climática e daquelas das quais surgem os conflitos. Devemos abandonar definitivamente as fontes fósseis e reconhecer nas fontes renováveis e na economia de energia um instrumento de paz”, afirmam os jovens do WWF. Mas a voz das Fridays for future também se elevou nas ruas de Melbourne e Sydney, na Austrália, até Bangladesh com cartazes de protesto contra as indústrias dos combustíveis fósseis. Os ativistas de Scientists for future do Ártico postaram uma foto no Twitter com um banner dizendo “Nós fornecemos os fatos. É hora de agir”, enquanto do outro lado da Terra, na estação Neumayer, o protesto lembrou que “o gelo da Antártida Ocidental está derretendo muito rápido”. “Eu costumava fazer greve pelo clima na Ucrânia - explica Ilyess, da Ucrânia. Mas nesta sexta-feira estou em greve na Alemanha, cujos líderes estão financiando a guerra em minha casa. A União Europeia já pagou a Putin 15 bilhões de euros por combustíveis fósseis desde o início da guerra na Ucrânia”.
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“Estão fazendo a guerra com o dinheiro do gás”. O protesto da ‘geração Greta’ - Instituto Humanitas Unisinos - IHU